Os pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) avançam nos estudos sobre a relação entre a alimentação e os distúrbios mentais, principalmente nos primeiros anos de vida. O objetivo da pesquisa, realizada pelo Laboratório de Plasticidade Neural (LPN) da UFF, é estabelecer os danos provocados pela má nutrição ao cérebro e de que forma é possível recuperar o desenvolvimento normal com mudanças nos hábitos alimentares e estratégias de suplementação de nutrientes. 

A pesquisa, realizada em modelos animais, mostrou que ratos mal alimentados apresentam atrasos significativos no desenvolvimento sensorial, o que sugere que crianças mal estimuladas e/ou mal alimentadas podem apresentar alguns sintomas característicos do autismo, como o atraso na fala, apatia e baixa interação social. Além disso, o estudo, nos modelos animais, sugere danos permanentes, indicando que a má nutrição pode produzir quadros de atraso do desenvolvimento limitando de forma permanente o desempenho da criança e do adolescente.

Os pesquisadores trabalham com nutrição experimental, por meio de testes, para avaliar os efeitos causados por dietas. A partir das avaliações buscam construir conhecimento das condições normais e patológicas do desenvolvimento neural dos indivíduos, inclusive durante a formação do feto na gravidez, com o propósito de evitar distúrbios, deficiências mentais e doenças neurodegenerativas. 

“A expectativa é que os resultados dos experimentos possam contribuir para a questão da saúde pública e para a conscientização da população sobre a importância de uma alimentação equilibrada para os mais diversos aspectos do desenvolvimento humano”, explicou o professor e chefe do laboratório da UFF, o neurocientista Claudio Alberto Serfaty. 

Segundo o professor, o período crítico de desenvolvimento vai do nascimento até os sete anos de vida, mas que pode se estender até o fim da adolescência. A estimulação ambiental e a nutrição correta e balanceada são fundamentais para o amadurecimento do cérebro. 

De acordo ainda com o neurocientista, não é somente a forma da desnutrição proteico-calórica, em que as crianças são de baixo peso e baixa estatura, que preocupa. Existem outras em que a criança tem um bom aporte energético (não perde peso) que são tão preocupantes quanto a forma mais grave de desnutrição, ao menos para o desenvolvimento do cérebro. 

“Devemos estar sempre atentos à educação nutricional. Os pais precisam ficar em alerta com as crianças que consomem alimentos industrializados em excesso e se recusam a uma alimentação adequada com fontes proteicas. Comida saudável é aquela que fazemos em casa”, ressalta Claudio Alberto Serfaty. Para ele, o ideal é que toda a população tenha acesso a um melhor padrão nutricional, principalmente as gestantes e as mulheres que estão amamentando, para que o feto e o bebê tenham um desenvolvimento saudável. Segundo o vice-reitor da UFF, Antonio Claudio da Nóbrega, o trabalho realizado no laboratório mostra um dos mais importantes papeis da universidade, que é o de gerar conhecimento e assim contribuir para a construção de uma sociedade mais saudável com base na informação. 

FONTE: Jornal do Brasil

Fonte: CONSULFARMA

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